DICAS PARA EMPRESAS QUE QUEREM VENDER PELA INTERNET COM SEGURANÇA JURÍDICA

DICAS PARA EMPRESAS QUE QUEREM VENDER PELA INTERNET COM SEGURANÇA JURÍDICA

Quem ainda tem dúvidas de que o comércio eletrônico se tornou essencial para empresas que buscam alcançar novos públicos e expandir seus negócios? No entanto, não é porque a realidade exija a presença das empresas na internet, ainda que a venda, propriamente dita, se concretize fora do ambiente on-line, que basta criar um site e começar a divulgar a marca nas redes sociais.

Vender pela internet traz consigo desafios legais que precisam ser cuidadosamente geridos para garantir a segurança jurídica da operação. Nesse contexto, é crucial que as empresas compreendam os requisitos legais e adotem práticas que assegurem o cumprimento das leis vigentes, evitando problemas como violação de privacidade, uso indevido de imagens, infração de direitos autorais e desrespeito aos direitos do consumidor.

A seguir, são apresentadas dicas fundamentais para que as empresas atuem no ambiente digital de forma segura e conforme a legislação brasileira.

 

  1. CONHEÇA A LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO COMÉRCIO ELETRÔNICO

A base legal para as vendas online no Brasil é composta pelo Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) e o Código de Defesa do Consumidor (CDC). O Marco Civil estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet, incluindo a proteção à privacidade dos usuários. O CDC, por sua vez, determina os direitos básicos do consumidor, como a transparência nas informações sobre produtos e serviços, a segurança na transação e a garantia de devolução de produtos.

Além disso, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) (Lei 13.709/2018) é central para a proteção de dados dos consumidores e deve ser observada de perto, especialmente quando a empresa adota como estratégia a prospecção ativa de clientes para atrai-los à sua plataforma de vendas.

 

  1. PROTEJA A PRIVACIDADE DOS CONSUMIDORES

 A LGPD impõe regras rigorosas sobre o tratamento de dados pessoais dos consumidores, que incluem informações como nome, endereço, CPF, histórico de compras, entre outros. Para que a empresa esteja em conformidade com a LGPD, é necessário:

– Obter o consentimento do usuário: Se houver coleta de dados sem envolver uma venda e os dados serão usados para prospecção ativa, como envio de e-mail marketing, por exemplo, a empresa deve obter um consentimento claro e explícito do usuário, informando de forma transparente quais dados serão coletados e para qual finalidade.

– Implementar políticas de privacidade: Disponibilizar uma política de privacidade clara e acessível no site, à qual o usuário deve ter acesso antes de fornecer seus dados pessoais (e a empresa deve guardar a prova de que foram, de fato, acessados pelo usuário), explicando como os dados serão utilizados, armazenados e protegidos.

– Adotar medidas de segurança da informação: A empresa deve implementar práticas de segurança, como criptografia de dados e uso de servidores seguros, para garantir a proteção contra vazamentos e ataques cibernéticos.

 

  1. RESPEITE O DIREITO DE IMAGEM E DIREITOS AUTORAIS

A utilização de imagens, sejam elas de pessoas, produtos ou obras de arte, requer atenção às regras de direito de imagem. A publicação de imagens de terceiros sem autorização pode resultar em obrigação de indenizar por danos morais. Algumas recomendações:

– Obtenha autorização para uso de imagens de pessoas: Se a imagem de uma pessoa (como colaboradores ou influenciadores) for utilizada em campanhas publicitárias, é essencial ter uma autorização formal que defina os termos do uso da imagem.

– Utilize bancos de imagens ou produza conteúdo próprio: Para evitar problemas com direitos de imagem, utilize fotos de bancos de imagens que oferecem licenças adequadas para uso comercial ou invista na criação de fotos e vídeos próprios.

– Respeite a imagem de produtos de terceiros: Ao anunciar produtos de outras marcas, garanta que as imagens e descrições estejam de acordo com as políticas de uso das marcas, evitando interpretações equivocadas ou alegações de propaganda enganosa.

 – O mesmo cuidado deve ser dedicado ao uso de conteúdo protegido por direitos autorais, como textos, imagens, vídeos e músicas, sem autorização, é considerado uma infração à Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/1998). Algumas medidas para evitar problemas incluem:

– Produza conteúdo original: A criação de conteúdo próprio evita o risco de infração de direitos autorais e fortalece a identidade da marca.

– Dê os devidos créditos: Quando for necessário utilizar conteúdo de terceiros, como artigos ou citações, dê os devidos créditos ao autor e, sempre que possível, obtenha autorização prévia.

– Utilize conteúdos em domínio público ou sob licenças de uso: Algumas imagens e músicas estão disponíveis para uso comercial em domínio público ou sob licenças como a Creative Commons, Unsplah (de onde as imagens desse artigo foram tiradas). Verifique as condições de uso antes de utilizar esses materiais.

 

  1. ATENÇÃO AOS DIREITOS DO CONSUMIDOR

Respeitar os direitos do consumidor é fundamental para construir uma relação de confiança com os clientes e evitar problemas jurídicos. As principais obrigações previstas no CDC para vendas online incluem:

– Informação clara sobre produtos e serviços: A descrição dos produtos e serviços deve ser detalhada, incluindo informações sobre características, preço, condições de pagamento, prazos de entrega e política de devolução e troca.

– Direito de arrependimento: O consumidor tem o direito de desistir da compra no prazo de sete dias, a contar da data de recebimento do produto, sem precisar justificar. Nesse caso, a empresa deve providenciar a devolução do valor pago.

– Garantias e atendimento ao cliente: Ofereça canais de atendimento ao consumidor que sejam eficazes para resolução de problemas, como trocas, devoluções e dúvidas sobre o uso dos produtos.

 

  1. TRANSPARÊNCIA NAS TRANSAÇÕES E SEGURANÇA NO PAGAMENTO

A segurança das transações online é um dos pilares para a confiança do consumidor. Além de adotar boas práticas de segurança digital, como o uso de certificação SSL para garantir que os dados sejam criptografados, é essencial:

– Informar sobre os procedimentos de pagamento: Deixe claro quais são as formas de pagamento aceitas, taxas adicionais e políticas de parcelamento, se houver.

– Utilize gateways de pagamento confiáveis: Escolha intermediadores de pagamento reconhecidos, que sigam os padrões de segurança exigidos pela indústria financeira.

– Estabeleça uma política de reembolso clara: Em casos de cancelamento de compras ou devoluções, o processo de reembolso deve ser rápido e transparente, respeitando o prazo legal.

 

  1. INVISTA EM CONTRATOS E TERMOS DE USO

Um bom contrato de venda e termos de uso bem elaborados são fundamentais para garantir a segurança jurídica das transações online. Esses documentos devem ser elaborados de forma clara e objetiva, abordando os principais aspectos da relação entre a empresa e os consumidores, tais como:

– Condições de uso do site: Defina as responsabilidades dos usuários, as regras de uso da plataforma e as situações que podem resultar em suspensão ou cancelamento de contas.

– Política de devoluções e trocas: Estabeleça regras claras para devoluções, trocas e garantias, sempre em conformidade com o CDC.

– Limitação de responsabilidade: Especifique as responsabilidades da empresa em relação à entrega dos produtos, eventuais atrasos e limitações quanto ao uso dos produtos.

 

CONCLUSÃO

A segurança jurídica é um aspecto essencial para o sucesso de qualquer empresa que queira vender pela internet. Atender às exigências legais não apenas evita penalidades e problemas judiciais, mas também fortalece a confiança do consumidor e melhora a reputação da empresa no mercado.

Ao adotar as dicas apresentadas, as empresas podem operar no ambiente digital de maneira segura, transparente e ética, garantindo uma experiência satisfatória para seus clientes e consolidando sua presença online. Além disso, contar com o suporte contínuo de um advogado especializado em direito digital pode ser um diferencial importante para esclarecer dúvidas e adaptar as práticas empresariais às constantes mudanças da legislação.

Artigo de Marina Flandoli, Sócia da LAW.SA, membra Rne Êxito e Networker Nata de Setembro

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